quarta-feira, 28 de maio de 2014

No acostamento da Jellicoe Road eu sentei e chorei



Falar de On The Jellicoe Road é difícil por dois motivos. O primeiro é que no começo a história é confusa e você não entende nada, por isso eu não posso falar demais pra não dar spoiler. E o segundo é que é tanta dor que eu nem sei por onde começar. Mas eu vou tentar.

O livro conta duas histórias que acontecem em épocas diferentes, mas tem o mesmo ponto de partida: a Jellicoe Road. Nos anos 1980, duas famílias têm suas histórias cruzadas por essa estrada em um terrível acidente que mata membros de ambas. E no presente, conhecemos Taylor Markham, garota que foi abandonada por sua mãe na mesma estrada quando era criança.

Taylor foi levada por Hannah para a Jellicoe School, um internato onde ela estuda e mora até hoje. Hannah mora no rio perto da escola e meio que toma conta dos alunos. Porém, um belo dia Hannah vai embora sem deixar explicações e Taylor fica furiosa e perdida. Pra piorar, a guerra está para começar. E enquanto lidera a sua escola no confronto, ela tenta descobrir para onde Hannah foi. Como se não bastasse, um menino de seu passado está de volta nesse verão e com ele volta a necessidade de descobrir sobre sua vida, o que levou sua mãe a lhe abandonar e onde ela está.

A princípio, é difícil entender o que está acontecendo nesse livro. O prólogo é sobre o tal acidente, mas o próximo capítulo já é sobre Taylor, Hannah e a guerra e aí sua mente explode porque nada parece fazer sentido e você se pergunta onde estão aqueles personagens do início. Quando eles aparecem de novo, tudo fica mais confuso, pois eles parecem ser personagens de uma história dentro de outra história e qual o sentido nisso? Aos poucos, vamos descobrindo junto com Taylor quem são aqueles personagens e quando a gente entende porque a história deles está sendo contada, é um momento de epifania pela genialidade da Melina Marchetta.

Um ponto alto do livro são os personagens, tanto os principais quanto os secundários. Cada um deles é TÃO bem construído que parece que você os conhece desde sempre. E todos têm seu espaço. Até alguém que aparece do nada e parece que não tem relevância nenhuma, na verdade tem todo um background (I’m looking at you, Sam). Esse livro é tipo um personagem-gasm.

 Taylor é bem badass, mas ao mesmo tempo tem um lado frágil que inevitavelmente aparece, mesmo que ela queira esquecer tudo que já aconteceu com ela. E quando eu digo tudo eu realmente quero dizer coisas muito ruins. E então temos Jonah, um menino que a princípio parece ser só mais um idiota dos Cadetes, mas na verdade não é nada disso. E nesse momento só uma expressão em inglês pode descrever o que eu acho dele: there’s so much more to him than meets the eye. Que seria algo como dizer que uma pessoa é muito mais interessante e complicada do que aparenta ser. Santangelo e Raffy (uma menina da casa de Taylor que tem uma ligação com Santangelo) são os mais divertidos, pois vivem como gato e rato, mas claramente se amam.

A amizade que se forma entre esses quatro é incrível de tão improvável que é, visto que eles são inimigos nas guerras territoriais, mas é uma das melhores coisas do livro. Os diálogos entre os quatro são lindos, tristes, e até engraçados e esse é basicamente o tom de todo o livro, essa mistura de sentimentos e tudo mais. Os momentos que eles passam juntos na Prayer Tree (uma árvore no território dos Cadetes que eu imagino que seja a árvore mais linda do mundo... e olha que eu conheço muitas árvores bonitas) são a minha coisa favorita <3

E ainda tem os personagens da outra história do livro, a que acontece no passado. Narnie, Webb, Fitz, Jude e Tate. E nossa, eles são tão complicados! Mesmo entendendo os eventos da história deles, eu acho que não consegui realmente entender eles. E é por isso que eu acho que esse livro não foi o suficiente pra eles. Embora eu tenha me apegado mais aos personagens do presente, são esses do passado que eu gostaria de ler mais sobre. Um outro livro ou até um pequeno conto, que fosse, pra eu poder entender o que se passou com eles e entre eles. Se alguém aí conhecer a Melina, pfvr fale isso pra ela

Outra coisa interessante nessas histórias é como reflexões sobre morte, perda e luto permeiam todo o texto. Grande parte do livro é um mistério, mas também há espaço pra diversão e romance e me surpreende que no meio disso tudo a Melina conseguiu enfiar coisas desse tipo.

Acho importante mencionar que a Melina escreveu o script da adaptação cinematográfica do livro. SIM, JELLICOE ROAD VAI VIRAR FILME!!!!!!! Ela já adiantou que muitas coisas vão ser diferentes, com muitas cenas e diálogos novos. Se você quiser saber mais sobre isso, tem todo um post no blog dela sobre isso, é só clicar aqui.

Mapa dos territórios na área da Jellicoe Road (falta a cidade)
O que eu não conseguia entender era essa tal guerra. Acontece que durante o verão, uma escola só para meninos de outra cidade montava acampamento do outro lado do rio de Hannah e com o passar dos anos, uma guerra começou. As três facções envolvidas são: os Cadetes, que ficam do outro lado do rio; os estudantes do internato de Taylor; e os Townies, que é a galera da cidade de Jellicoe. Cada um dos grupos tem seu território e se alguém traspassar as fronteiras, podem haver conseqüências. Esse ano, Taylor foi escolhida como a líder de sua facção, Jonah Griggs é o líder dos cadetes e Santangelo é o líder dos Townies.  

Eu simplesmente não consegui entender o POR QUE disso!!!!!! Não faz sentido!!! Ninguém ali é dono de nada então eles não podiam impedir ninguém de ir aonde eles quisessem. Mas mesmo assim, TODO MUNDO levava essa “guerra” muito a sério. Eu já estava de saco cheio disso tudo até descobrir o porque da guerra e como ela começou e aí eu fiquei mais bolada ainda porque se tornou uma coisa totalmente diferente do que era originalmente e arrrrgh.

É por isso que eu acho válido reler o livro. Quando você lê a primeira vez e não entende nada, muitos detalhes podem passar despercebidos. E aí você lê de novo e vê que não tem UMA FRASE que não tenha a ver com a história e é incrível como essa mulher conseguiu pensar nisso tudo e mais ainda, articular de uma maneira que te deixa no chão.

Esse é um livro sobre a Taylor. E é um livro sobre a Hannah. Também é um livro sobre as crianças do passado. E sobre o Jonah. E sobre a Jessa. E o Hermit. E o garoto da árvore. Mas acima de tudo, esse é um livro sobre a Jellicoe Road, a estrada mais bonita que você já viu.

* O nível de inglês é médio

domingo, 18 de maio de 2014

Jules and Monty



Todo mundo sabe que eu sou louca por webséries. Mas confesso que ultimamente, tenho ficado um pouco cansada de todas essas webséries feitas de improviso, sem profissionalismo e tudo mais. Hoje em dia tem tanta websérie no mercado que é cada vez mais necessário ter a melhor qualidade possível pra poder se destacar no cenário. Por isso, até abandonei algumas que eu assistia, mas que eram sofríveis (alô University Ever After).

Mas hoje eu vou falar de uma websérie absolutamente impecável. Senhoras e senhores, lhes apresento Jules And Monty!

                              

Jules Caine e sua colega de quarto Nancy Mills precisam fazer um vlog como trabalho de sua aula de comunicação. O objetivo da tarefa é mostrar a vida no campus e como é estudar na University of Verona. Jules é a irmã mais nova do “lorde” da Kappa Alpha Psi, uma das fraternidades do campus.

A rival da Kappa, é a Mu Tau Gamma, da qual Romeo Montgomery faz parte. Ele também está fazendo um vlog como projeto para uma aula. Monty, como prefere ser chamado, namora Rose Campbell, mas ultimamente, o romance entre os dois vem esfriando.

Talvez você esteja achando algo familiar nessa história. Jules e Romeo? Verona? Fraternidades rivais? Sim, seus palpites estão corretos!

                                               

Jules and Monty é uma adaptação contemporânea de Romeu e Julieta, em que os protagonistas estudam na mesma faculdade e meio que pertencem a fraternidades rivais e por isso nunca poderão ficar juntos. O resto da história já dá pra imaginar, né?

Jules e Monty têm muuuuuuuita química e apesar de todo mundo saber como a história termina (embora eu tenha ficado surpresa com o jeito que eles adaptaram o final THE PAIN), é inevitável torcer por eles e shipar loucamente. Junto a eles ainda temos a Nancy, que corresponde à ama de Julieta, que é toda sassy e divertida e os amigos do Romeu, Mark (Mercúcio) e Bem (Benvólio). Um detalhe importante é que o texto da série utiliza algumas passagens do texto original, então é uma mistura de diálogos contemporâneos e clássicos.


O legal dessa websérie é que tudo, absolutamente tudo, foi feito por um grupo de estudantes da Tufts University. Imogen Browder e Edward Rosini escreveram todo o texto da série e também atuam como Jules e Monty. Evey Reidy, a Nancy, é também a diretora, com a ajuda do Andy de Leon, que também atua como Tye. E por aí vai. A série é uma colaboração de várias pessoas de diferentes cursos da universidade e o resultado ficou TÃO profissional que nem parece uma produção amadora. Até photoshoot lindo pra divulgação eles fizeram!!!

Além dos episódios, eles ainda fizeram vários vídeos de behind the scenes (os Vlog Vlogs) e entrevistas com o pessoal da equipe (Vlog Vlogs Extras), que são apenas a melhor coisa do mundo!!!!!!! Todo mundo é muito engraçado e divertido e awesome e apenas quero ser melhor amiga de todos menos da Emma!!!!!!!!!!! Fora que a Imogen e o Ed também tem muita química na vida real então e eu shipo TÃO hard que não é possível que eles não sejam um casal de verdade

A trilha sonora é absolutamente fa-bu-lo-sa. Várias bandas e cantores underground da cena da música universitária dos EUA. Ou seja: dificilmente você ouviu essas músicas antes. Os sites e redes sociais dos artistas estão linkados nas descrições dos vídeos e no final do episódio também. Mas no site da série tem uma página só sobre a trilha sonora onde dá pra ouvir as músicas de todos os episódios. Se você estiver interessado, clique aqui.

Se tudo isso não foi suficiente pra convencê-los a assistir, aqui vai a melhor parte: Jules and Monty é legendado! Eu e mais algumas amigas gostamos tanto da série que achamos que o mundo precisa conhecê-la. Então decidimos legendar pra que mesmo quem não fala inglês possa apreciar essa maravilha. (Ainda não legendamos tudo porque não recebemos o último script, mas assim que nos mandarem, iremos fazer o que falta!) ASSISTA COM UMA CAIXA DE LENÇOS DO LADO!!!!!





segunda-feira, 12 de maio de 2014

Sea



Sienna é uma garota californiana que vive com o pai, um psiquiatra famoso por seu trabalho voluntário na África e na Ásia, e sua avó. A mãe dela desapareceu em um acidente de avião na Indonésia quando ela ainda era criança. Desde então, ela parou de surfar e passou a evitar o melhor amigo, Spider, além de ter adquirido medo de aviões. Em seu aniversário de 15 anos, seu pai lhe oferece uma viagem para a Indonésia, para ajudá-lo em um novo programa de psiquiatria num orfanato para crianças que ficaram órfãs por causa da Tsunami. A princípio, Sienna reluta, pois teria que enfrentar longas horas num avião e voar direto pro lugar que tirou sua mãe dela. Mas eventualmente, ela acaba aceitando a ideia e vai.

Eu queria ler esse livro há alguns anos, pois é um dos favoritos de uma das blogueiras que eu mais gosto (a Giu do Amount of Words) e eu confio na opinião dela. Eu fiquei esperando pacientemente que ele fosse lançado no Brasil durante todo esse tempo, mas depois de dois anos, eu meio que joguei a toalha e decidi ler em inglês mesmo. Acho que eu acabei construindo expectativas altas demais e por isso me decepcionei.

Sienna é uma garota comum, como todas as outras de sua idade (salvo o trauma que a morte da mãe lhe causou): imatura, um pouco rebelde e impulsiva. A princípio, eu não percebi nada disso. É só quando ela chega a Indonésia e conhece Deni que tudo vem a tona. Deni é um dos meninos mais velhos do orfanato e é uma espécie de líder para os outros meninos. Sienna fica encantada por ele assim que o vê, mas logo seu sentimento cresce de uma maneira que eu não esperava.

Pra mim, isso foi MUITO precipitado. Ela mal conhecia o garoto, só tinha trocado meia dúzia de palavras com ele, e já estava completamente apaixonada por ele. Deni é um menino legal, muito bonito e tem muito em comum com ela (tendo perdido a família para a tsunami e com os mesmos traumas que ela), mas isso não é levado em consideração. Ela se apaixona por ele antes mesmo de saber a história dele e ver como eles são parecidos e como podem se ajudar. Não tem aquela coisa de construir uma relação e ir se apaixonando aos poucos. É pura e simplesmente insta-love.

Eu também achei que por conta desse envolvimento deles dois, a parte social da visita dela ficou meio de lado. Eu esperava conhecer mais sobre a tsunami (afinal, eu tinha dez anos quando aconteceu e até hoje eu não entendo nada sobre isso) e ouvir as histórias das crianças e adolescentes sobre o que eles passaram pra chegar ao orfanato, mas pouquíssima atenção foi dada a isso. A Sienna ia ás sessões de terapia e ficava realmente tocada pelo que via (as meninas eram incentivadas a fazer desenhos sobre seus traumas e tudo mais) e ouvia, mas era só sair e encontrar o Deni que ela esquecia tudo. 

Em momentos que exigiam seriedade, ela agia com infantilidade e tentava fazer com que as coisas não fossem sobre ela, sempre sobre a outra pessoa. Isso me irritou bastante. Em um momento de impulsividade, ela acabou agindo pelas costas do pai e fez algo que, a meu ver, foi uma grande besteira e eu simplesmente não conseguia aceitar tudo aquilo. Talvez se eu tivesse lido o livro quando era mais nova, tivesse sido mais fácil pra lidar com as coisas que ela fez (que são típicas da idade), mas agora, eu só consigo pensar de forma ponderada e achar tudo um absurdo.

Apesar do meu pessimismo, gostaria de deixar claro que Sea não é um livro ruim. Na verdade é muito bem escrito e tem partes interessantes, como as que mostram as diferenças culturais entre os americanos e os indonésios. E as poucas partes em que as meninas da terapia compartilharam suas histórias. E uma coisa que eu achei bem legal foi que eles nunca se referiam a tsunami como tsunami (que é como nós falamos). Era sempre “a onda” ou “o mar”. O que torna tudo muito mais doloroso, porque imagine uma família que vive do mar, com pais pescadores e tudo mais, ser tragada e destruída justamente por ele? A palavra tsunami pra mim cria um distanciamento que nós, que não vivemos aquilo, podemos ter. Claro que nós vamos nos sentir mal por todas aquelas pessoas, mas eu imagino que pra eles foi muito pior, ser traídos desse jeito pela coisa mais importante que eles tinham.

O final, que eu sempre ouvi falar que era muito triste, realmente é, mas não do jeito que eu esperava. Na verdade, foi MUITO mais doloroso e bonito. Durante todo o livro, Deni dá indícios do que aconteceu com ele e sua família, mas os meus palpites falharam miseravelmente e eu fiquei muito surpresa com o que realmente aconteceu. E apesar de ter acontecido o que eu queria desde o início, eu fiquei de coração partido.

Heidi Kling poderia ter trabalhado melhor a questão do trauma psicológico e explorado mais toda a situação em que a Indonésia se encontrava após a tsunami. Apesar da protagonista chatinha, Sea é um livro emocionante, mas que perdeu muito do potencial que eu imaginava que ele tinha.


* O nível de inglês é fácil

domingo, 4 de maio de 2014

Perdida - Um Amor que Ultrapassa as Barreiras do Tempo




















Sofia vive na cidade grande e sempre trabalhou na mesma empresa, ganhando um salário bem pequeno. Ela é uma grande fã de tecnologia, mas ama romances históricos, como os de Jane Austen. Ela deixa seu celular cair na privada acidentalmente e, assim, sai pra comprar um novo. Acontece que uma mulher misteriosa lhe vende um aparelho aparentemente perfeito, mas quando ela tenta ligá-lo, acaba transportada para o século XIX! A aventura para tentar voltar pra casa começa quando ela é encontrada por Ian, um rapaz de bom coração que aceita ajudá-la.

Eu já queria ler Perdida há séculos, desde a época em que foi lançado pela primeira vez pela Editora Baraúna. Acontece que só consegui comprá-lo ano passado, já com a edição da Verus. Felizmente, aquela capa linda, do vestido branco com o all star foi mantida! Por conta de todo esse tempo de espera e por ter lido várias resenhas positivas sobre o livro, eu estava com expectativas altas. Encontrei algo muito diferente do que imaginava, mas nem por isso ruim. Eu adorei Perdida!

Sofia passa mais ou menos uma semana no século XIX, mas MUITA COISA acontece nesse meio tempo! Muita coisa mesmo. Sofia passa por um processo muito legal de auto-descoberta e tem um character development muito bom durante esse percurso. Isso tudo em sete dias! Tudo graças a ótima narrativa da Carina Rissi, que é dinâmica, mas não é corrido demais.

Porém, justamente por ela passar pouco tempo nesse novo século, eu achei que o romance ficou com cara de instalove, sabe? Ian se apaixona por ela assim que põe os olhos nela e com o passar do tempo, seu sentimento só vai crescendo. Acho que isso pode ser explicado pelo fato de ele ser de uma época completamente diferente da nossa, então talvez as coisas fossem assim no quesito romance. Mas a reação de Sofia quanto ao relacionamento deles é bem melhor!

A princípio, ela é uma personagem muito prática e cética com relação ao amor. Sofia perdeu seus pais quando ainda era adolescente, e como eles eram a única família que ela tinha, teve que aprender a se virar sozinha pra terminar a faculdade e conseguir se sustentar. Isso, por si só, já endurece uma pessoa. Soma-se a isso o fato de na única vez em que ela “se apaixonou”, acabou sendo traída pelo tal menino.

Por isso, ela não se apaixona por Ian imediatamente. Pelo contrário, no começo, ela fica até desconfiada dele, porque no século XXI é difícil encontrar pessoas tão bem intencionadas quanto ele parece ser. E então ele vai quebrando o muro que ela construiu em volta de si mesma de pouquinho a pouquinho e ela acaba se apaixonando por ele. Mas também, quem não se apaixonaria por Ian?

Além de absolutamente lindo e rico, Ian tem um coração do tamanho do mundo! Ele também perdeu os pais quando era novo e por isso ficou no comando dos negócios da família e virou o responsável pela irmã mais nova, Elisa. Extremamente bondoso e solidário, ele quer o melhor para sua irmã e está disposto até a casar com alguém que não ama só para dar um bom exemplo para ela e fornecer uma figura feminina que possa guiá-la. Sem contar que ele é todo educado e prestativo. E ANDA A CAVALO!

Mas o relacionamento de Sofia e Ian pode estar com os dias contados, porque afinal de contas, assim que ela reconhece que está em outro século, começa a fazer de tudo para voltar pra casa. A princípio, ela acha melhor não mencionar que vem do futuro, porque quem acreditaria nela? E ainda poderiam taxá-la de doida e mandá-la pra um hospício or something. E assim, ela se mete em várias confusões, porque suas roupas são inadequadas (ela chega usando minissaia e tênis), seu jeito de falar também e ela não está nem um pouco familiarizada com os costumes da época!

É nesse ponto que o livro, a meu ver, ficou devendo. Como eu disse no começo da resenha, Sofia adora romances históricos (e inclusive carrega um, o seu preferido, na bolsa). Então seria de se esperar que ela conhecesse um pouco da vida daquela época, não? Mas na verdade, ela é completamente clueless sobre TUDO. Eu fiquei um pouco irritada em alguns momentos em que ela dava uma gafe porque até quem não lê livros de época saberia se portar em determinadas situações.

Outra coisa que me incomodou bastante foi a linguagem coloquial de Sofia. Sim, estamos no século 21, todo mundo usa gírias e fala um português mais informal, mas a Sofia é DE-MA-IS. Sério, gente, tinha horas que eu queria me matar de tanta gíria que essa menina usa! E o que mais me irritou é que antes de viajar no tempo, no primeiro capítulo, ela nem falava tanta gíria assim! Acho que foi só uma estratégia usada pela autora pra enfatizar a diferença entre esses dois mundos distintos, mas pra mim, ficou over.

Mas uma das coisas que eu mais gostei (e merece uma menção especial) é que em momento algum o nome da cidade onde Sofia vive é mencionada. O livro dá a entender que ela é transportada para a mesma cidade, só que no século XIX, mas mesmo assim seu nome não é citado. Pra mim, é São Paulo, mas eu acho legal o nome não ter sido informado porque books belong to their readers, então cada um pode imaginar a cidade que quiser!

Apesar de ter achado que o livro terminou de uma forma ótima, Perdida vai ter uma sequência! Na verdade, nem sei se já foi lançada ou não, mas com certeza vou ler porque não me canso de Ian e Sofia! E o melhor de tudo: Perdida vai virar filme! WOW. JUST WOW.

Enfim, Perdida é um livro ótimo! Ainda não dá pra viajar no tempo, mas o jeito como Carina construiu a história fez tudo muito verossímil! Você meio que fica se perguntando quando é que vai acontecer com você. E eu amei o final!