segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Aquecimento Oscar 2016 #1


Finalmente chegamos à melhor época do ano: a award season! Aquele momento do ano em que nos vemos às voltas com vestidos, penteados e red carpets (#prioridades) e, ocasionalmente, filmes. Ah, a felicidade!


Esse ano tivemos uma temporada turbulenta por conta de um certo prêmio que amamos odiar chamado Oscar que não indicou quem deveria e nos rendeu uns filminhos bem brejeiros, mas, felizmente, sempre teremos os vestidos (este blog não aceita pessoas que reclamam de what are you wearing) . Como não só de moda vive esta linha editorial, me propus a resenhar minimamente os filmes indicados esse ano. 

Ao todo são oito filmes na categoria Melhor Filme, que eu vou dividir em dois posts: quatro nesse e mais quatro no próximo. Talvez eu até me anime de escrever sobre as animações, mas não garanto nada. Conhecendo minha língua/dedos, é possível que eu me estenda mais do que o necessário, mas vamos tentar. (perdão pelos nomes originais dos filmes, é mais forte do que eu).

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Brooklyn

pfvr saoirse me ensina
Ellis Lacey é uma irlandesa que não tem muita perspectiva de crescimento profissional em sua terra natal. Sua irmã, que deseja um futuro melhor para ela, consegue um emprego para ela em Nova York, para onde ela vai. No começo a adaptação é difícil e Ellis sofre muito com saudades de casa e de sua família. Mas, aos poucos, ela vai aceitando sua nova realidade com a ajuda do padre local, do curso de contabilidade que começa a fazer e, principalmente, do amor. Quando Ellis conhece Tony, um jovem trabalhador italiano que também tenta melhorar de vida em NY, seu ânimo se renova e ela finalmente começa a ver a vida na cidade com uma perspectiva renovada. Mas é justamente então que ela precisa voltar à Irlanda às pressas e acaba encontrando oportunidades que não existiam antes de se mudar, o que faz com que ela fique dividida entre sua vida em NY e as novas possibilidades de sua terra natal.

Muita gente está se perguntando por que Brooklyn foi indicado ao Oscar de melhor filme. Gente, por favor. Se esse filme é uma história de amor, só pode ser o amor aos EUA. Brooklyn é, acima de tudo, sobre o sonho americano. É disso que a Academia gosta, é isso que a Academia quer. Fossem outras circunstâncias, Brooklyn seria indicado? Provavelmente não. Embora seja fofo e bonitinho, é um filme mediano que não supera expectativas (e eu tinha muitas, porque o trailer dá a ideia de que o filme é uma odisseia) e ainda te deixa com aquele gostinho de foi só isso? O final não me agradou muito porque achei uma resolução corrida e mal explicada. O que ele tem a seu favor é a técnica, contando com uma fotografia linda e figurino impecável (amei acompanhar o crescimento de Ellis por meio da caracterização da personagem), fora a atuação maravilhosa de Saoirse Ronan e a presença de mozão Domhnall Gleeson *suspiros*

The Martian

wake up in the morning feeling like p diddy


Um astronauta, Mark Whatney, é dado como morto numa missão em Marte e abandonado por sua equipe. Mas, contrariando tudo que se esperava, ele sobrevive e agora precisa se manter vivo até ser resgatado. (olha só como eu tô melhorando nesse lance de sinopse)

Eu não sei vocês, mas depois de Gravidade (filme este que vi inteirinho sem dormir e adorei), eu reviro meus olhinhos para todo e qualquer filme sobre espaço. Portanto, confesso que foi com certa preguiça que comecei a ver The Martian e, felizmente, quebrei a cara. Porque que filme! Nós acompanhamos os altos e baixos da luta de Mark pela sobrevivência e acaba sendo inevitável torcer por ele. Mark é espirituoso, o que nos rende boas risadas, mas não deixa de ser humano, e foi nesses momentos que me peguei torcendo pela sobrevivência dele. Isso se deve muito a Matt Damon, que fez um trabalho fantástico na pele do astronauta azarado e conseguiu nos fazer rir e chorar. No quesito técnica, o filme também é ótimo, porque a fotografia é maravilhosa e a trilha sonora é um show a parte (nunca mais vou escutar ABBA do mesmo jeito). Num ano em que a Academia indicou tantos filmes meia boca, The Martian pareceu ser um dos poucos acertos.

The Revenant 

vamo que dá
Hugh Glass é um caçador a serviço de uma companhia de peles, atuando como uma espécie de guia (ele conhece bem o terreno por ter vivido com indígenas durante um tempo). Porém, ele tem um encontro infeliz com um urso, ficando mortalmente ferido. Atrasando cada vez mais o ritmo da Cia, o capitão do grupo determina que dois homens fiquem com Glass até que ele morra e deem um enterro digno pro cara. Eventualmente, ele é abandonado por esses homens e dado como morto, mas acaba sobrevivendo e parte em busca de vingança.

Não vou falar pra vocês que eu esperava pouco desse filme. Afinal de contas, todo mundo anda dizendo que dessa vez vai (sim, estou falando do Leo). Mas o que surpreendeu até a mim mesma é que, de fato, o filme é ótimo e, pra mim, merece a estatueta de melhor filme. Tecnicamente, é impecabilíssimo. Uma das fotografias mais bonitas que já vi e pasme: foi tudo feito à base de luz natural, o que estreitava muito o tempo viável de filmagem e fez com que a equipe tivesse que mudar de locação (lê-se: país) no meio da produção pra continuar tendo uma luz decente. Os famigerados planos-sequência de Iñárritu finalmente deram certo (eu odeio Birdman) e nos fazem mergulhar nas paisagens belas e assustadoras do interior dos EUA, bem como na luta pela sobrevivência do personagem principal. Muitas vezes me senti dentro de um quadro da Escola do Rio Hudson (google it, vocês não vão se arrepender), o que foi uma experiência e tanto para uma estudante de artes babona como eu. Os flashbacks para o passado de Glass também são estonteantes e uma das coisas que mais gostei no filme, junto com mozão Domhnall Gleeson, também presente aqui, em toda sua glória ruiva.

A pequenez do homem em relação à natureza é explorada de diversas formas, tanto levando em consideração Glass e a paisagem, quanto Glass e o próprio urso. E por falar nisso, não tem como deixar de mencionar a atuação de menino Leo. Eu sou apaixonada por este homem e venho torcendo pelo tão sonhado Oscar há anos, mas acho que toda essa espera contribuiu e culminou nesse momento. Leo realmente deu tudo de si. Mais do que os jogos de câmera do diretor, o que realmente nos coloca dentro da história é a atuação competentíssima de Leonardo Dicaprio, que nos entrega uma performance eletrizante mesmo com pouquíssimas falas. E o quão irônico seria finalmente ganhar um Oscar por um papel puramente corporal e expressivo? É o que todos esperamos ver.

Spotlight

posso andar com vocês no recreio?
 Spotlight é a equipe especial de jornalismo investigativo do The Boston Globe que fica responsável por investigar denúncias frequentes de pedofilia por parte de membros da Igreja Católica. Conforme os jornalistas cavam mais fundo, eles acabam se deparando com uma trama internacional que envolve não só os padres acusados, mas também o alto clero, que acoberta e acaba permitindo tal prática e a própria sociedade de Boston que, por ser uma cidade extremamente católica, faz vista grossa para algo que é gritante.

Uma grata surpresa é como eu descreveria Spotlight. Quando fiquei sabendo da temática do filme, me peguei revirando meus olhinhos, pois mais um filme sobre a pedofilia na Igreja Católica, zzzzzzzzz NEXT. E, mais uma vez, acabei quebrando a cara. Spotlight é um filme sobre jornalismo investigativo. O caso, por mais grandioso e pesado que seja, poderia ser qualquer outro (ok, talvez não, mas enfim). Porque o que importa aqui é mostrar a criação de uma grande matéria investigativa, as pessoas por trás dela e os efeitos que esse tipo de trabalho pode provocar em quem o faz. Logo, somos apresentados à coleta de dados, testemunhas e suspeitos, bem como as reações dos próprios jornalistas e como cada um lida com as descobertas feitas num nível pessoal. Todos eles têm algum tipo de envolvimento com o caso, como o personagem do Michael Keaton, que estudou em uma escola católica onde, muito provavelmente, aconteciam abusos. Spotlight pode até ser um filme sobre O jornalismo, mas é também um filme sobre aqueles que o fazem acontecer e nos faz lembrar que no fundo, eles também são humanos.



 E aí, vocês estão maratonando os filmes do Oscar? Já assistiram esses? E os outros quatro? Ainda essa semana eu volto com o próximo post, falando sobre os filmes restantes. 


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