sexta-feira, 29 de abril de 2016

Uma websérie dos deuses



Então eu meio que cansei de webséries... Dois anos atrás eu era absolutamente viciada nelas, assistia mil e uma ao mesmo tempo e até ajudei a legendar uma pro português. Mas do mesmo jeito que o surto veio, ele foi embora. Parei de me interessar, comecei a ter muita preguiça de ficar entrando no youtube constantemente pra ver os episódios novos e acabei deixando pra lá. Até que Ed e Imogen voltaram pra minha vida.

Imoged, como foram carinhosamente apelidados, são os responsáveis por uma das minhas webséries favoritas, Jules and Monty. Eles até fizeram uma outra série depois dessa (chamada Wave Jacked), mas eu não gostei muito e nem acompanhei até o final. Agora eles voltaram com uma nova produção que é tão boa, mas tão boa que está até me fazendo reconsiderar essa mídia que eu pensava já ter esquecido.

babiesssssssss
Pantheon University fala sobre como seria se deuses, heróis e outros personagens da mitologia e das tragédias gregas frequentassem uma universidade americana, que dá o título da série. Temos Zeus como o presidente de uma fraternidade e o maior babaca do campus; Hera, a namorada ciumenta e levemente psicótica de Zeus; Athena, a conselheira da galera, aquela que escuta a todos e tem sempre um bom conselho a oferecer; Afrodite, a responsável por uma espécie de Tinder, focado inteiramente em sexo casual e por aí vai... O ponto de partida é uma festa da fraternidade de Zeus, onde todos os personagens estão presentes e também onde todo o drama explode. Mas a partir daí, é por sua conta. 

Digo isso porque essa série foi feita de um jeito diferente: cada episódio é centrado em um personagem específico e conta a história dele, que pode ou não estar envolvida com os acontecimentos da festa. Alguns personagens têm arcos mais complexos, que precisam dos episódios dos demais para serem totalmente compreendidos, enquanto outros têm histórias completamente independentes, fazendo com que seu episódio funcione quase como um curta. Portanto, e isso é algo defendido pelos próprios criadores, não existe uma ordem 100% correta de se assistir a série, você pode fazer do jeito que preferir (ou seguir a playlist que tem no canal) (pessoalmente, eu recomendaria assistir o do Zeus primeiro também). O importante é que o Finale seja o último episódio assistido, pra não rolar spoilers, né? E mais, eles liberaram todos os episódios no mesmo dia, no melhor estilo Netflix.

eu amo Athena e vou protegela
Eu, particularmente, achei essa forma de veiculação genial. É quase como se a série fosse um quebra-cabeça todo desmontado lá no episódio do Zeus, e conforme você vai assistindo os outros, as peças vão se encaixando, e quando chega no Finale tá tudo pronto. E no meio disso tudo ainda tem alguns episódios soltos que te ajudam a dar uma respirada. Pra alguém que andava de saco cheio dessa história de websérie, Panth U acabou sendo uma experiência revigorante e única.

Fora que pra quem acompanha o trabalho de Imoged desde o início, como eu, é notável o amadurecimento do processo criativo deles e como, cada vez mais, eles parecem profissionais. Tinha alguns episódios que eu ficava embasbacada porque era tudo tão bonito e tão bem feito que mal dava pra acreditar que foi tudo feito por estudantes universitários. Cada personagem tem um arco bem determinado e questões importantes envolvidas nele e são todos tão fofos e carismáticos que você realmente se importa com cada um (Athena </3 Hera </3). E os diálogos.......... *sighs*

SO BEAUTIFUL SO PURE
A produção tem o selo Tufts de qualidade, e os atores são ótimos (salvo raras exceções *cof cof Hércules cof cof*), como já era de se esperar. Eles conseguiram fazer até um FUCKING EPISÓDIO MUSICAL, I rest my case. É o tipo de coisa que faz você se perguntar do que eles vão ser capazes quando se formarem e tiverem ainda mais condições técnicas de produzir. E bom, a trilha sonora é aquela coisa linda de sempre, composta por bandas e cantores do cenário independente e universitário dos EUA. 

E claro, em se tratando de uma adaptação contemporânea de algo clássico, é sempre interessante perceber como as histórias originais foram trazidas para os dias de hoje. Eu nunca esperaria me importar TANTO com a Hera, reconhecidamente a psycho bitch do Olimpo, mas parece que eu a entendi pela primeira vez depois de ver a série e só queria que tudo ficasse bem pra ela. E Zeus............ Sinceramente, esse vai ser babaca em qualquer adaptação. Também gosto de como o figurino incorporou símbolos e traços da mitologia, como por exemplo, o raio de Zeus e o sol de Apolo (que aqui é uma menina! yay!). Vou parar por aqui senão vou ficar uma vida enumerando tudo que eu gostei na série...

Deixo vocês com o trailer de Pantheon University só pra dar um gostinho. Mas pelo amor dos deuses, não fiquem só nisso, corram pro youtube (só clicar aqui) pra ver a série toda! Caso contrário sofrerão a ira de Poseidon... Brincadeirinha. Ou não.











sexta-feira, 8 de abril de 2016

Muito mais do que uma história de amor

Em algum lugar do sistema solar existem dois mundos entrelaçados: Up Top e Down Under. Um está localizado exatamente em cima do outro e eles são unidos por uma estranha simetria. Cada um desses mundos tem sua própria gravidade, o que torna quase impossível que alguém de um desses mundos vá para o outro e vice-versa (por motivos de pessoas flutuando por aí, é claro). Além disso, o governo proíbe o contato entre as pessoas desses mundos. 

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"No nosso mundo podemos cair pra baixo e subir pra cima" I LIVE
Tudo isso faz com que a situação socioeconômica em que ambos os mundos estão inseridos se perpetue: enquanto Up Top é um mundo rico e desenvolvido, Down Under é miserável e explorado por Up Top. É nesse contexto que conhecemos Adam, um garoto órfão que mora em Down Under. Sempre que ele vai visitar sua tia, a última parente viva, ela pede que ele vá atrás de uma substância produzida pelas abelhas, que viajam pelos dois mundos. É numa dessas idas que ele conhece Eden.

Eden é uma menina normal de Up Top que mora nas montanhas. Num belo dia, ao procurar por seu cachorro fujão, ela se depara com Adam, no mundo abaixo ao seu. Ambos estão em montanhas muito altas, o que faz com que os mundos quase se toquem. Daí surge uma amizade, que logo se transforma em um romance. Mas é claro que por serem de mundos diferentes, eles acabam sendo separados. Os anos passam e Adam nunca esquece Eden, mesmo sem saber o que aconteceu com ela. Mas quando ele finalmente a vê na televisão, nada vai ficar em seu caminho até ela.

!!!!!!!!!!!!!!!!!
Em tempos de revivals, remakes, 10240382039 filmes de super heróis e afins, Upside Down é uma lufada de ar puro (ok, o filme é de 2012, mas eu só vi agora, mim deixem). É muito bom ver uma história tão original em meio a esse tédio em que o cinema vem se transformando ultimamente... Porque gente: UM MUNDO EM CIMA DO OUTRO!!!!! Não consigo nem expressar o que eu sinto por essa ideia!!!!!! Caso não tenha ficado claro, é como se acima do céu e das nuvens existisse outro mundo: nesse caso, o céu não é o limite. Você olha pra cima e vê pessoas andando de cabeça pra baixo. I can’t even!!!!!!!

E isso tudo só foi possível porque os efeitos especiais são in-crí-ve-is. Você realmente consegue acreditar que aquilo ali existe. O filme como um todo é visualmente deslumbrante: a fotografia é absolutamente divina e a cenografia e direção de arte são caprichadíssimas.Tudo pra tornar a coisa toda o mais crível possível. Eu ficava impressionada com as cenas panorâmicas que mostravam as paisagens, em que os dois mundos quase se tocavam, porque parecia que aquilo existia mesmo.

prettyyyyyyyyyy
A princípio é um pouco difícil entender o que está acontecendo porque Juan Solanas, diretor e roteirista do filme, além de criar mundos completamente diferentes do nosso, ainda criou regras específicas para eles. Então pega tudo que Einstein descobriu e joga numa caixinha porque você não vai precisar disso aqui. Uma pessoa do mundo de cima, por exemplo, jamais poderia se mudar para o mundo debaixo, porque ela seria constantemente atraída para o mundo de cima novamente. E quando ela conseguisse se segurar em alguma coisa no mundo de baixo, ela ficaria flutuando por aí, sem nunca tocar o chão. How cool is that?!

Mas, nem tudo são flores... Embora a ideia seja genial e o visual seja estonteante, o filme se perde um pouco naquilo que é justamente seu foco: o romance. Desde o princípio, Adam (o narrador da história), deixa claro que esta é uma história de amor. Infelizmente, isso é levado às últimas consequências, de modo que muita coisa fica mal explicada em detrimento do romance dos dois.

he said she said
Os mundos criados por Juan são extremamente complexos: existe exploração, divisão de classes, preconceitos, segredos e tudo o que forma uma boa história distópica. Mas tudo isso é jogado pra escanteio só pra contar mais uma história de amor shakesperiana. Muita coisa interessante, como o domínio da Transworld (empresa de Up Top que forma a única ponte entre os dois mundos) e o acidente que matou os pais de Adam, por exemplo, é deixada de lado. Além disso, muitas coisas acontecem de forma abrupta e sem nos dar nenhuma explicação em troca e o roteiro parece se perder dentro de sua própria complexidade, quebrando algumas regras que nos são apresentadas desde o início. Caso esses problemas fossem sanados, teríamos um filme ainda melhor e mais genial do que ele é.

Mas ainda assim, preciso ser justa: o amor de Adam e Eden é realmente comovente. Eu tenho uma GRANDE queda por amores de infância e amores esquecidos (alô alô Love Hina), e esse caso reúne esses dois tropes, o que acabou me chamando mais atenção do que toda a história de amor proibido etc e tal. É uma história bonita e o filme faz com que você se importe com esses personagens e torça por eles. Inclusive precisamos reconhecer a habilidade de beijar homens de cabeça pra baixo que menina Kirsten Dunst tem.

Kirsten Dunst: beijando caras em posições desconfortáveis since 2002

Upside Down cumpre muito mais do que apenas o seu papel de história de amor. Tem romance, aventura, mistério, ciência e tudo que há de bom. E o elemento x fica por conta dessa ideia genial de mundos opostos, diferente de tudo que eu já vi no cinema (e olha que eu já vi bastante coisa...). É, parece que não se fazem mais filmes como em 2012, não é mesmo?


segunda-feira, 4 de abril de 2016

Crazy Ex-Girlfriend

Mais uma série que vocês precisam colocar na grade.



Não se enganem pelo título, essa é uma das melhores coisas presentes na televisão americana nos últimos tempos. A série musical conta a história de Rebecca Bunch, uma advogada bem sucedida e infeliz de Nova York. Ela se lembra que foi feliz pela última vez no acampamento de verão na adolescência com o romance de verão Josh Chan. Quando o reencontra em NY, ela acha que é o sinal de alguém para que ela mude de vida depois dele comentar que está mudando de volta para a sua cidade natal, West Covina, Califórnia. Em que são duas horas de distância da praia e quatro horas com trânsito, mas todo mundo é feliz. 

Então ela simplesmente se muda, largando a sua vida nova iorquina, sua sociedade com um grande escritório de advocacia e um grande apartamento de Manhattan para uma cidade pequena na Califórnia. Mas não pense que é por causa do Josh, não!, ela só quer mudar os ares. Aí você pensa: ok, uma série com nome super sexista e que deve contar os planos mirabolantes dessa mulher de 30 anos atrás do namoradinho da adolescência. Mas você está errado, migo. Na abertura da série já te deixam claro a ironia. 

Rebecca vai correr atrás do Josh? Sim. Vai achar que eles foram feitos um para o outro? Sim. Mas não pense que é só isso. A série através da comédia e das músicas vai tratar sobre feminismo, a escravidão da beleza, a imposição da mulher ser magra, bissexualidade, casamentos que já perderam a graça, psicologia do abandono e etc. Aliás, a série é de comédia, mas não é comédia besta com piadas forçadas, é a comédia inteligente que critica o cotidiano com humor.

E tem o Greg (mozão), interpretado pelo ótimo ator da Broadway Santino Fontana, que aparece como um interesse amoroso pra Rebecca também. Já deixo aqui que sou #teamGreg e minha única crítica pra série é o pequeno número de músicas com Santino, ele é ótimo cantor! Quero mais, produção! Além de Paula, uma coroa que muda totalmente com a chegada de Rebecca e logo se torna sua bff, e Darryl, novo chefe de Rebecca e que não entende como uma advogada de sucesso como ela quer trabalhar no escritório dele hahaha. Na minha opinião, Darryl é o melhor personagem da série e a história dele só cresce, amando o rumo que a vida dele está tomando.

melhor miga

Rebecca não é uma personagem feminina qualquer na televisão e está longe de ser perfeita, interpretada pela maravilhosa Rachel Bloom, ganhadora do Globo de Ouro de melhor atriz de comédia e do Critics Choice pela série. Pensa, a série retrata gente como a gente, com atores ótimos e histórias e debates interessantes. Vocês precisam ver! Vou deixar uns vídeos aqui para convencer você melhor:







Calma! Eu sei que você quer ver todos os vídeos da série agora que viu essas maravilhas, mas... Se você é o louco do spoiler e gostar de saber nadinha, então NÃO veja o próximo vídeo! Preciso colocar esse vídeo aqui por motivos de ser sensacional <3



Ficaria o dia inteiro falando da série, mas tô com medo de soltar algum spoiler, então... Quem ainda não viu, vá ver agora! E pra quem já conhece essa delícia, vamos conversar sobre!